Você já ouviu falar sobre uma possível premiação Afrobeats no Grammy? Saiba que esse ritmo que tem origem no ocidente da África não para de crescer nos últimos dez anos. Tanto que conquistou muitas regiões do planeta e está tão popular a ponto de despertar a atenção do Grammy.

O assunto sobre uma premiação para Afrobeats no Grammy surgiu quando o presidente da gravadora Recording Academy, responsável pela premiação, deu uma entrevista em Gana. Na oportunidade, ele afirmou que estaria estudando a realização desse prêmio com grandes nomes da música.

Em seu depoimento, ele afirmou ser importante ouvir as pessoas que criaram o Afrobeats. Logo, as reuniões vão incluir aqueles que produzem os sons, compõe, se apresentam e até mesmo empresários que estão envolvidos na difusão desse estilo musical. De acordo com o especialista é preciso entender quais são as expectativas de crescimento do estilo, sua aceitação, as divisões do estilo musical e até mesmo as aspirações das pessoas que atuam no meio.

Como surgiu a ideia de inserir o Afrobeats no Grammy?

Recentemente, a gravadora responsável pelo Grammy considerou o Afrobeats como uma mistura entre música do ocidente da África e da música americana negra (Black American), um sucesso mundial. Contudo, jovens nigerianos não concordaram com a definição e entraram em suas redes sociais para mostrar sua indignação. Afinal, as palavras foram vistas como uma deturpação desse som africano.

O post da gravadora responsável pelo Grammy contradiz um documentário da Netflix de nome “Afrobeats Backstory” que conta a história do ritmo. A película foi criada e narrada por africanos, especialmente por nigerianos, os mais apaixonados pelo estilo.

Logo, o post da gravadora, mesmo antes mesmo de pensar em colocar o Afrobeats no Grammy, chamou a atenção dos amantes do gênero e de vários aficionados da música nigeriana que sabem que o Afrobeats se originou do país e acredita-se que seja um spin-off do gênero musical – Afrobeat – pioneiro do lendário cantor, Fela Anikulapo Kuti.

Vários deles foram à seção de comentários para criticar o Grammy por dar crédito ao Afrobeats aos negros americanos e não aos países da África Ocidental. Reagindo à resposta negativa das pessoas, a Recording Academy rapidamente corrigiu seu tweet editando-o.

Uma revolta ainda maior

Na conta da empresa, removeram o tweet que dizia que o Afrobeats é uma mistura de negros americanos e deixaram somente a parte que dize que ele é um som da África Ocidental. Contudo, a seguir, você verá que inserir o Afrobeats no Grammy não foi do agrado do seu povo de origem. Contudo, manter o post anterior em vez de excluí-lo, irritou ainda mais muitos africanos. Afinal, eles pensaram: “Para sermos reconhecidos e termos chance de vencer, precisamos de uma categoria só nossa?”

Depois desse incidente na internet, o pronunciamento do CEO da gravadora ainda dividiu opiniões. Afinal, muitos acreditam que o prêmio se tornou generalizado e que premia somente o que faz sucesso e não o que tem valor artístico. O Afrobeats tem se popularizado, mas não nasceu ontem. Logo, a possível categoria pode ser fruto somente de seu crescimento e não do seu valor histórico, social e cultural.

Os cantores mais famosos do ritmo são Burna Boy, Tems e Wizkid. Apesar de serem representantes do Afrobeats no Grammy, eles não receberam a premiação em um dos Grammys anteriores. Entretanto, para a alegria dos amantes do gênero musical, em 2021, Burna Boy recebeu a premiação de melhor álbum. O que marcou uma conquista importante para o meio.

Na época, muitos famosos ficaram decepcionados. Dentre eles, a top model Naomi Campbel que criticou os organizadores da premiação e mostrou-se indignada com a falta de reconhecimento do gênero musical. Na época, a organizadora do Grammy reconsiderou e para fazer as pazes, mudou o nome da categoria na qual os africanos perderam. Agora, a tentativa de incluir o Afrobeats como uma categoria seria para se redimir dos erros passados?

Os próximos passos para a inclusão do Afrobeats no Grammy

De acordo com o presidente da gravadora, em sua entrevista em Gana, o seu desejo é de representar todos os gêneros musicais na premiação. Por isso, a ideia de incluir o Afrobeats.

Ele afirmou que seguirá o processo da maneira como deve ser feito e acrescentou: “Eu não decido categorias. As categorias são decididas por propostas dos membros. Os membros podem dizer ‘Harvey, eu quero uma categoria Afrobeat’, eles escrevem uma proposta para a categoria sobre a qual falaram. Então, esse processo é iniciado. Fizemos uma sessão de audição na semana passada e demos mais um passo para essa inclusão.”

Ainda sobre o processo Afrobeats no Grammy, ele afirmou ainda que os membros da academia terão que apresentar uma proposta para a adição de uma nova categoria antes do início das deliberações. No entanto, a sessão de escuta com os líderes do Afrobeats é o primeiro passo.

Previsão

A gravadora que organiza o Grammy afirma que pode demorar algum tempo até que essa seja uma realidade. Afinal, além das apresentações de propostas e de conversas com especialistas, é preciso vencer uma eleição interna da Recording Academy. Só assim esse estilo de Gana e da Nigéria estará aprovado.

Para termos uma base sobre a entrada do Afrobeats no Grammy, analisemos situações anteriores. Por exemplo, a categoria de música latina começou a ser discutida há um ano, mas ainda não entrou em vigor, mesmo sendo aprovada.

A polêmica troca de categoria de world music para global music também não entrou em vigor. Logo, o processo pode demorar algum tempo para ser visto. Os cantores do meio ganharam mais visibilidade por meio do apoio de grandes nomes da música. Assim, ganham cada vez mais espaço no mundo pop.

Contudo, independentemente do apoio de famosos, o gênero musical tem seu espaço e luta para conseguir por si só as conquistas que merece devido ao seu valor e importância para cidadãos e cidadão de todo o continente africano. Enquanto não vemos o Afrobeats no Grammy, basta dar uma espiada nas redes sociais para ver o quanto o estilo ganha notoriedade. Nos Estados Unidos e no Reino Unido há projetos voltados para o Afrobeats que mostram a importância que o ritmo tem a nível global.